segunda-feira, 30 de maio de 2011

cozinhar é uma arte.

segunda: dia das pessoas reclamarem da semana que só tá começando, dia de amargurar a ressaca moral do final de semana, dia de infernizar aquele seu amigo cujo time perdeu na rodada do domingo... e dia de começar a dieta!

pensando sobre qual seria o assunto de hoje, uma grande oceanóloga faz a seguinte sugestão: "por que você não escreve um post gastronômico no seu blog? eu ia adorar!" e como não pensar em comida nesses dias tão frios?

então, inspirada por essa fria segunda feira e por aquela que quer cupcakes com café, trago esta arte inserida em outra: no cinema. filmes assim despertam nosso paladar, nosso olfato, ainda que a tecnologia não tenha sido capaz de inventar uma tv que transmita cheiro ou gosto. ou to errada?

gastronomia é tema para vários filmes, é verdade... a comédia romântica "no reservations" (em português, "sem reservas"), a animação da pixar "ratatouille", o envolvente e clássico "chocolate"... e tantos outros que eu tenho vontade de assistir, mas ainda não tive a oportunidade, como "la grande bouffé", "vatel", "como agua para chocolate"... são tantos! sem contar os documentários... mas isso, eu conto num próximo post.

apesar de todos esses títulos serem estrangeiros, hoje indico um nacional que aborda brilhantemente este tema.


"estômago", baseado no livro "pólvora, gorgonzola e alecrim", de lusa silvestre, foi lançado em 2007 e ganhou diversos prêmios desde então. é um filme inteligente e com boas doses de humor, apesar de retratar uma realidade nada engraçada. é essa sensibilidade que encanta. sem contar a trilha sonora, na minha opinião, um dos personagens principais desta obra, além, claro, da comida.

"na vida há os que devoram e os que são devorados. raimundo nonato, nosso protagonista, descobre um caminho à parte: ele cozinha. e é nas cozinhas de um boteco, de um restaurante italiano e de uma prisão - o que ele fez para acabar ali? - que nonato vive sua intrigante história. e também aprende as regras da sociedade dos que devoram ou são devorados. regras que ele usa a seu favor, porque mesmo os cozinheiros têm direito a comer sua parte - e eles sabem, mais do que ninguém, qual é a parte melhor.  uma fábula nada infantil sobre o poder, o sexo e a culinária."

(quer ler mais? clique aqui.)

acompanhe o trailer do filme:


esse filme, sem dúvida, é um dos melhores nacionais que já assisti. vale realmente a pena! meus próximos já devem ter me ouvido falar dele... e desculpem se me tornei repetitiva com esse post. mas pensando em arte e gastronomia, não pude evitar trazer essa sugestão.

espero que tenham gostado... afinal, quem não sente verdadeiro prazer ao comer?

um beijo gastronômico.


sábado, 28 de maio de 2011

poesia no noticiário.

hoje eu quero começar meu post agradecendo aos comentários que tive sobre meu despretensioso blog. só me motiva a continuar dividindo essas tantas coisas que borbulham na minha mente... obrigada mesmo! 

apesar de eu não ter postado ontem, fiquei pensando em algo especial pra trazer aqui... e cheguei no tema de hoje. prepare-se! o post de hoje, apesar de longo, vai emocionar...

eu sou muito fã de los hermanos. não só pela genialidade dos arranjos e da melodia, mas principalmente pelas letras. verdadeiras poesias cantadas.

uma grande amiga minha, também muito fã de los, um dia me contou sobre a história que estava por trás da canção "conversa de botas batidas"... fui atrás pra saber mais. e o que achei, foi surpreendente...

"desabamento deixa três feridos; duas ainda estão sob escombros - pelo menos três pessoas ficaram feridas no desabamento do prédio de quatro andares no centro do Rio, às 15h15 de hoje (25 de setembro de 2002). no local funcionavam uma lanchonete, parcialmente em obras, uma loja de carimbos e cópias de chaves, e o hotel "linda do rosário." houve uma seqüência de estalos em um dos pilares do edifício, minutos antes do acidente. isso deu tempo para que muitas pessoas deixassem o local. sete edifícios ao redor foram interditados. até o início da noite, a secretaria estadual de defesa civil dispunha da informação de que duas pessoas estariam sob os escombros.
 
(...) em nota oficial, a secretaria de urbanismo do município esclareceu que "o desabamento ocorreu quando operários retiravam o mezanino do térreo, abalando a estrutura do prédio". o documento afirma ainda que as obras não contavam com a supervisão de nenhum engenheiro ou técnico responsável.
 
houve pânico assim que os estalos foram ouvidos, cerca de 20, 10 e 5 minutos antes do desabamento. O porteiro do "linda do rosário", raimundo barbosa de melo, de 37 anos, estava com a mulher na recepção do hotel e, ao som do primeiro estampido, avisou aos demais funcionários do hotel que saíssem do prédio imediatamente. no momento em que descia a escada, lembrou das duas pessoas que ocupavam um quarto. "interfonei e cheguei a bater na porta do quarto, mas não responderam", contou. (...)"

(leia essa reportagem na íntegra aqui)

"vítimas de desabamento são reconhecidas no rio - as vítimas do desabamento do prédio 55 da rua do rosário no rio de janeiro foram reconhecidas hoje. dois corpos foram localizados ontem à noite pelos bombeiros em meio aos escombros da construção que ruiu na última quarta-feira.

maria das graças mendes rocha, de 47 anos, funcionária da caixa econômica federal, e ruy diniz, de 71 anos, professor, estavam hospedados no hotel no momento da tragédia. (...)

o corpo de maria das graças foi resgatado hoje cedo após buscas que empregaram tecnologias de rastreamento e um cão labrador. o outro corpo, do professor diniz, foi localizado logo depois. ronaldo diniz, filho da vítima, não queria a divulgação do nome de seu pai em virtude das circunstâncias que envolveram sua morte, que poderiam denegrir sua imagem."

(Leia essa reportagem na íntegra aqui)

existem várias versões dessa história de amor. o que se sabe é que este casal se reencontrou após muitos anos e passou a reviver o amor que, pelas circunstâncias da vida, tinha ficado pra trás. encontravam-se às escondidas naquele hotel. alguns dizem que a família de ambos era contra, por conta da idade avançada do casal, e outros dizem que esse seria um caso extraconjugal. e ninguém sabe dizer se eles temiam ser descobertos, e por isso não responderam aos chamados do funcionário do hotel, ou se resolveram assumir aquela história para que, finalmente, pudessem estar juntos para todo o sempre, mesmo que pra isso, a morte fosse sua única testemunha.

marcelo camelo escreveu essa música, e com toda sua sensibilidade fez dessa história uma linda história de amor. mesmo que trágica... e convenhamos, qual história de amor não é trágica?

ouça e acompanhe a letra dessa canção:


conversa de botas batidas

- veja você, onde é que o barco foi desaguar.
- a gente só queria o amor...
- deus parece às vezes se esquecer!
- ai, não fala isso, por favor... esse é só o começo do fim da nossa vida. deixa chegar o sonho... prepara uma avenida, que a gente vai passar...

- veja você, quando é que tudo foi desabar. a gente corre pra se esconder...
-... e se amar, se amar até o fim. sem saber que o fim já vai chegar

- deixa o moço bater, que eu cansei da nossa fuga. já não vejo motivos pra um amor de tantas rugas não ter o seu lugar

- abre a janela agora, deixa que o sol te veja. é só lembrar que o amor é tão maior, que estamos sós no céu. abre as cortinas pra mim, que eu não me escondo de ninguém. o amor já desvendou nosso lugar e agora está de bem.

- deixa o moço bater, que eu cansei da nossa fuga. já não vejo motivos pra um amor de tantas rugas não ter o seu lugar.

- diz quem é maior que o amor? me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora.
- vem, vamos além. vão dizer que a vida é passageira, sem notar que a nossa estrela vai cair.



não disse que o post de hoje ia emocionar?

até a próxima, pessoal.

ah! e não deixem de comentar... se não conseguirem por aqui, pode ser por orkut, face, twitter... leio tudo!

beijo, outro, tchau.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

então tá, vamos falar de amor... e poesia.

olá, pessoas. sigo firme e forte com mais um post pra quem ousa perder um tempinho do dia pra ler esse humilde blog..

hoje vou falar sobre o amor. mas não um amor qualquer... um amor arrebatador! daqueles que chegam a doer, e daqueles que todos deveriam sentir um dia. ou pelo resto da vida.

o amor retratado nos versos de joão cabral de melo neto em "os três mal amados".

se você já ouviu o grupo pernambucano "cordel do fogo encantado" (que infelizmente não existe mais...), provavelmente já deve ter ouvido uma parte dessa poesia sendo declamada genialmente por lirinha, o vocalista da banda. se não viu, veja aqui:


a banda traz apenas uma parte das palavras de joaquim, um dos três mal amados. e eu trago aqui, suas palavras na íntegra... é um pouquinho longo, mas eu garanto que vale a pena ler! mas se rolar aquela preguiça de ler tudo, pode ouví-la clicando aqui.

"o amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. o amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. o amor comeu meus cartões de visita. o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

o amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. o amor comeu metros e metros de gravatas. o amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. o amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

o amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-x. o amor comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

o amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. comeu em meus livros de prosa as citações em verso. comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

o amor comeu as frutas postas sobre a mesa. bebeu a água dos copos e das quartinhas. comeu o pão de propósito escondido. bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

o amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

o amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. o amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre a mulher, sobre marcas de automóvel.

o amor comeu meu estado e minha cidade. drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés.

comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

o amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

o amor comeu minha paz e minha guerra. meu dia e minha noite. meu inverno e meu verão. comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte."


eu sempre sinto uma coisinha pesada no peito quando leio isso. e honestamente, nem sei dizer o que é...

aí você me pergunta: mas e os outros dois mal amados? os outros dois mal amados, raimundo e joão, voltam em um próximo post! não percam...

amor a todos...





quarta-feira, 25 de maio de 2011

e a culpa é de quem?

estava eu, num momento pós-prandial, vendo as atualizações dessas redes sociais que são um vício e conversando com um amigo sobre meu blog. eis que ele me pergunta: "sobre o que vai escrever hoje?". foi então que percebi que não tinha nenhuma ideia muito concreta sobre o papo furado de hoje.

já dividi com vocês uma música e um livro que gosto muito. então resolvi falar sobre um filme que está na minha lista dos favoritos. como minha intenção não é só trazer gostos pessoais, mas também instigá-los ao novo, não vou falar sobre um filme hollywoodiano ou algum nacional de sucesso, que claro, também constam nessa minha lista.


assisti esse filme (em português, "a culpa é do fidel") há uns dois anos atrás... não lembro direito, na poltrona de couro vermelho do extinto cinema gemini, lá na paulista, na companhia de um alguém especial.

longe de mim querer parecer "cult" ou qualquer outra rotulagem do gênero. eu só acho uma pena ver tanta coisa boa sendo marginalizada só porque não é campeão de bilheteria.

este filme francês, lançado em 2006 sob a direção de julie gavras, retrata a história de anna (nina kervel-bey), uma menina de nove anos que se vê dividida entre a escola católica e a problemática familiar. mostra, com humor inteligente e sobriedade encantadora, o lado de uma criança frente o engajamento político de seus pais, onde, após relutar contra tantas mudanças, passa a obter uma nova compreensão de mundo.

acompanhem o trailler:

 

a ideia deste post, na verdade, é apenas trazer uma sugestão de bom filme. espero que o trailler tenha despertado pelo menos uma curiosidade... vale a pena!

e aí, gostaram? se assistirem, não esqueçam de me contar o que acharam!
obrigada (sempre) pelas visitas...

beijo no coração.



terça-feira, 24 de maio de 2011

"todo momento de achar é um perder-se a si próprio."

e pra aqueles que se importam, cá estou novamente para mais um post sensacional (cof cof!)... rs

hoje resolvi dividir com vocês as impressões sobre minha última leitura:



uma pessoa muito querida, num gesto grandioso, emprestou-me esse livro num momento, digamos, atribulado da minha vida. e foi uma dessas leituras que nossos sentimentos se misturam ao do personagem.

eu sempre gostei da personalidade que esta autora traz em suas escritas, embora conheça poucas de suas obras. suas escritas trazem tanto de si, quanto ela quer se esconder nela mesma. pelo menos é o que sinto...  entendedores do assunto podem achar que estou viajando, mas acredito realmente que a grandeza de uma leitura está exatamente nisso: sentir. pra mim, não existe certo e errado naquilo que se sente através das escritas de uma outra pessoa. basta apenas que as sinta. os olhos são mesmo as janelas da alma.

se vocês tiverem interesse, encontrei esse site, homônimo à escritora, que conta um pouco mais sobre sua vida e suas obras.

"a paixão segundo G.H." é uma leitura bastante densa. eu particularmente tive que ler várias vezes as mesmas linhas pra conseguir captar a essência de certas passagens. é uma viagem ao interior de um personagem que te faz querer viajar dentro de si e, a partir daí, começar a se questionar. pode parecer demagogia eu dizer que me refiz ao ler este livro, mas meus questionamentos não se limitaram apenas a minha mente. tive que colocá-los pra fora pra que pudesse fazer algum sentido. e é esse o segredo.

vale mesmo a pena se perder nessas páginas, mas fica um alerta: é preciso coração aberto para que esta leitura não se torne apenas uma mera leitura e, por assim dizer, uma perda de tempo.

eu encerro o post de hoje com a nota que clarice deixa no começo do livro "a possíveis leitores", que se assemelha muito ao que escrevi logo acima. e eu juro que escrevi isso antes de lembrar desses dizeres da autora:

"Este livro é como um livro qualquer.
Mas eu ficaria contente se fosse lido apenas
por pessoas de alma já formada.
Aquelas que sabem que a aproximação,
do que quer que seja, se faz gradualmente
e penosamente - atravessando inclusive
o oposto daquilo que se vai aproximar.
Aquelas pessoas que, só elas,
entenderão bem devagar que este livro
nada tira de ninguém.
A mim, por exemplo, o personagem G.H.
foi dando pouco a pouco uma alegria difícil;
mas chama-se alegria."

espero que tenham curtido este post que fiz com tanto carinho e verdade, revelando uma parte de mim mais até do que gostaria. literatura nunca foi o meu forte, confesso. apenas gosto de ler e me encanto com o que essas leituras me fazem sentir.

beijos e obrigada por me acompanharem!




segunda-feira, 23 de maio de 2011

"a vida é tão rara..."

hoje volto com um post sobre algo que gosto muito: música.

adoro quando me identifico com algo que ouço. aquela música que me lembra um momento, um alguém especial ou que simplesmente traga sensações e emoções sem muitos por quês ou razões.

paciência, do lenine, é uma dessas.

aliás, é a descrição que trago no meu profile do orkut já há algum tempo... (se quiser dar uma espiadinha clique aqui!)

essa canção é divinamente atemporal. na época, eu lembro que eu pensava nela como uma espécie de mantra, pelo momento que eu estava vivendo. hoje lembrei dela e fiquei com vontade de ouví-la novamente, e era exatamente o que eu precisava sentir...

dá uma olhada na versão acústica dela:


gostaram?
 
bom, com certeza vou voltar aqui pra dissertar mais sobre esse assunto, e por isso não vou esgotá-lo hoje.

por hoje é só! um beijo, minha gente.


(ah! queria muito agradecer aos que se interessaram em dar um pulinho aqui e checar essa brincadeira sem graça que eu criei... rs! tive 45 visitas. eu sei que nem é muito, mas eu achei que minhas bobagens iriam ecoar por aqui e que eu iria falar com os ventos! continuem acompanhando e não esqueçam de deixar seus comentários! grande beijo)
 

domingo, 22 de maio de 2011

conjugando-se

tive um final de semana cheio de tantas coisas...

vou postar um texto que escrevi na sexta, mas que pode servir pro post de hoje!

espero que curtam de alguma forma.



e de repente, tudo parou.

me perco no vão entre o que se foi e o que será.

cadê que me é presente? procuro e só o que acho são perguntas sem respostas...

não, não há nada de presente. há apenas esse vazio que insiste em me preencher todas as noites.

e o silêncio. nem mais o silêncio faz barulho. pois esse som também não se propaga no vácuo.

presente. não sente. consente.

sexta-feira, 20 de maio de 2011