uma ótima semana a todos.
none but ourselves can free our mind.
prosa, poesia e devaneios.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
domingo, 13 de novembro de 2011
chico.
olá, pessoas que ainda seguem meu blog abandonado. depois de um bom tempo longe daqui, volto pra falar de chico. apelei pra tentar me redimir!
pra contar um pouco da história dele, nada melhor do que seu pai, sérgio buarque de hollanda, em depoimento realizado em 1968 e publicado em 1991 pela folha de são paulo (é um pouco longo, mas vale mesmo a pena):
"a imagem que o público fixou de meu filho não é correta. para o público, chico é tímido (antes de tudo, tímido), bonzinho, retraído. nada disso. pelo menos em família e com os amigos, é completamente diferente, um rapaz brincalhão, extrovertido, bem para fora. quando ele aparece em público, torna-se diferente. talvez seja o medo de parecer ridículo. mas podem crer, ele não é tímido, nem bonzinho. é, sem dúvida, uma boa pessoa. mas não bonzinho, no sentido em que esta palavra é interpretada. quando criança, jamais foi um rebelde. posso assegurar que se tratava de uma criança normal.
procurava sempre ser independente. e essa independência ele afirmava, procurando fazer o que faziam os irmãos mais velhos. nem um "amor de criança", nem um "enfant terrible". normal. não era nem ligado ao pai, nem à mãe. dava-se bem com todos. com as irmãs, tias e avós. quando viajamos para a itália (nesse tempo tinha 8 anos), deixou para a avó um bilhete: "avó, vou para itália. quando eu voltar, provavelmente a senhora estará morta. mas não se preocupe. eu vou me tornar um cantor de rádio. é só a senhora ligar o rádio do céu que vai me escutar".
desde menino, sempre se interessou por música e futebol. jogo, não perdia uma irradiação. seus ídolos eram telê, do fluminense, e pagão, do santos. na itália, torcia pelo genoa. da música popular, seus ídolos eram ismael silva, caymmi e ataulfo alves. mais tarde, joão gilberto, de quem procurava imitar o estilo. não acredito que noel exerça influência sobre chico. a maior semelhança entre os dois é a temática: urbana. caymmi, ataulfo e ismael marcaram mais que noel. chico tambem não é um compositor de classe média, como afirmam por aí. não há dúvida, noel e chico também se assemelham um pouco, porque ambos enfocam temas urbanos. nada mais. aliás, há no brasil uma mania de noel! qualquer compositor que surge é imediatamente comparado com o grande criador carioca. creio que há um pouco de exagero em tudo isso.
quando surgiu a bossa nova, chico se encontrou com ela. apreciava muito joão gilberto e ouvia-o seguidas vezes. vinícius, muito amigo da família, aparecia sempre em festas e chico ficava a ouví-lo, com grande admiração.
desde cedo, chico já tinha namorada. sempre foi muito vivo e alegre. jogava futebol nas ruas, como todos os garotos de sua idade. quanto aos estudos, dedicava-se a eles principalmente às vésperas de exame. estudava duas ou três horas seguidas, depois cansava e ia se divertir. em 1962, quando terminou o curso científico, foi orador da turma, provocando muitas risadas com seu discurso cheio de humor.
o sucesso não o mudou essencialmente, chateia-o um pouco, apenas. hoje, não pode sair às ruas sem que lhe venham pedir autógrafos. para ir à praia, há dificuldades, só em são conrado. bem longe. continua fiel aos amigos, embora não tenha muito tempo para se dedicar a eles. assim que chega em são paulo, telefona para todos, organiza noitada com eles. chico sempre viveu em bando, com muitos amigos, uma verdadeira turma.
sua formação é, sem dúvida, paulista. nasceu no rio, mas quando completou 2 anos, mudamos para são paulo. aqui, passou toda sua infância. preferiu fazer o científico porque achava que o curso clássico era coisa de mulher. dado momento, escolheu um ramo bem aproximado do artístico: arquitetura. ficava em casa criando cidades imaginárias. todas tinham uma fonte no meio da praça: lembrança das fontes de roma, onde moramos algum tempo. chico, em vez de começar a falar, cantou. desde que tentou se expressar foi através da música. mais tarde, ficava com as irmãs aí pela sala, inventando música. dizia que já que não conhecia decor música de outros compositores, era obrigado a inventar as próprias. o sucesso veio de repente, sem que ninguém esperasse. recebi a notícia de que chico tinha ganho o festival de música popular brasileira com "a banda", quando estava em nova york. um jornal norte americano publicou a notícia. claro que me senti muito orgulhoso. cheguei à conclusão - o que uma revista publicou na época - de que, antes, ele era meu filho. e depois do festival eu passei a ser o pai dele. não há posição melhor. têm surgido boatos por aí, de que eu componho as músicas pra ele. mas, meu deus, quem sou eu para ter tanto talento? se eu soubesse escrever músicas como ele, há muito tempo não seria eu mesmo, mas chico buarque de hollanda. são boatos sem fundamentos, como muitos que vão por aí. como essas notícias que circulam, afirmando coisas que jamais afirmamos. um jornal carioca publicou que, após ver a peça "roda viva", eu tinha dito: "eu sabia que havia tudo isso aí dentro do meu filho". a frase talvez pudesse ter sido dita por mim, mas que não disse, não disse. das suas músicas todas, gosto mais de "a banda", "pedro pedreiro", "roda viva" e "carolina". nunca me esquecerei do dia em que ouvi " a banda" pela primeira vez, em nova york, na casa de um amigo. foi uma grande emoção. não obstante todo o sucesso, o qual não lhe provoca muito prazer, é bem capaz de chico largar tudo isso e partir para uma outra coisa qualquer, bem diferente. ele é bem capaz disso. muito inquieto. muito inteligente. sempre gostou muito de ler. guimarães rosa é um de seus autores preferidos. quando fez "pedro pedreiro", inventou uma palavra: penseiro. talvez inspirado em guimarães rosa, que também era dado a inventar palavras. tolstoi e dostoiévski também eram seus favoritos. assim como kafka. em geral, ele ia lendo tudo o que caía em suas mãos.
a música era responsável por ele ter abandonado o curso de arquitetura, decisão que tomou sozinho. o sucesso abriu uma impossibilidade de estudar. excesso de compromissos, solicitações. creio que, na música, ele se realiza mais, se torna muito mais feliz. é preferível um compositor realizado, que um arquiteto frustrado, como todo mundo sabe. quando vai compor, geralmente fica isolado, no quarto, sozinho. a música e a letra sempre nascem juntas, uma ligada à outra, indissoluvelmente. encontrou grande dificuldade em musicar "morte e vida severina", porque a letra não era sua. desde que aprendeu a tocar violão, com sua irmã heloisa, hoje casada com joão gilberto e morando em nova york, nunca mais deixou de compor. sua adolescência foi normal, sem nenhum conflito especial. posso considerá-lo um rapaz feliz. suas primeiras composições falavam de amor. mais tarde, quando ingressou na faculdade, passou a fazer música de participação, sendo que a primeira foi "pedro pedreiro". a família ficou um pouco tonta com o sucesso tão fulminante, tão rápido. mas já nos acostumamos. chico é que não se habituou a ele. ficou contente de ter ido a paris, porque ninguém o conhecia por lá. talvez o sucesso tenha provocado uma espécie de defesa, tornando-o um pouco retraído. de fato, meu filho não é tímido. é bem diferente a imagem que temos dele. trata-se de uma pessoa normal, alegre, sem problemas graves de personalidade. eu sei o que eu estou falando. sou seu pai há 23 anos."
descrição sincera de um pai notavelmente orgulhoso.
fiquei escolhendo por muito tempo com qual música encerraria este post. demorei horas... resolvi colocar o vídeo de sua apresentação no festival de música popular brasileira de 1967, interpretando "roda viva" junto ao mpb4. espero que eu tenha sido acertiva...
roda viva
tem dias que a gente se sente
como quem partiu ou morreu
a gente estancou de repente
ou foi o mundo então que cresceu...
a gente quer ter voz ativa
no nosso destino mandar
mas eis que chega a roda viva
e carrega o destino pra lá...
roda mundo, roda gigante
roda moinho, roda pião
o tempo rodou num instante
nas voltas do meu coração...
a gente vai contra a corrente
até não poder resistir
na volta do barco é que sente
o quanto deixou de cumprir
faz tempo que a gente cultiva
a mais linda roseira que há
mas eis que chega a roda viva
e carrega a roseira pra lá...
roda mundo, roda gigante
roda moinho, roda pião
o tempo rodou num instante
nas voltas do meu coração...
a roda da saia mulata
não quer mais rodar não senhor
não posso fazer serenata
a roda de samba acabou...
a gente toma a inciativa
viola na rua a cantar
mas eis que chega a roda viva
e carrega a viola pra lá...
roda mundo, roda gigante
roda moinho, roda pião
o tempo rodou num instante
nas voltas do meu coração...
o samba, a viola, a roseira
que um dia a fogueira queimou
foi tudo ilusão passageira
que a brisa primeira levou...
no peito a saudade cativa
faz força pro tempo parar
mas eis que chega a roda viva
e carrega a saudade pra lá...
roda mundo, roda gigante
roda moinho, roda pião
o tempo rodou num instante
nas rodas do meu coração.
beijO.
domingo, 18 de setembro de 2011
de dentro pra fora.
ia começar o post de hoje desculpando-me pelo longo período em que me ausentei desse meu desabafo em linhas e entrelinhas. mas pensando um pouco melhor, seria um pouco de pretensão da minha parte. por isso, vou apenas presenteá-los com uma obra de arte antes de dar início ao que realmente vim falar.
![]() | |||
"dançarina" - joan miró i ferrà (1893 - 1983) |
não que eu seja grande conhecedora deste ramo artístico, aliás muito pelo contrário. resolvi colocá-la aqui pela sensação nostálgica que esta obra em especial me traz. quando eu tinha uns 12 ou 13 anos, não me lembro direito, minha escola inaugurava a "casa da arte", dedicada ao desenvolvimento de atividades artísticas como teatro, música, dança etc. uma das atividades propostas na época era a de personalizar as paredes desta casa, onde cada dupla escolheu uma obra para reproduzir. dentre pintores renomados como tarsila, monet e da vinci que meus colegas escolheram, optamos por miró. lembro que pouco o conhecia, e que esta obra nos escolheu, por assim dizer.
lendo um pouco sobre o artista e esta criação, pude entender um pouco melhor o motivo desse meu encantamento: miró cria sua própria linguagem, retratando a natureza como o faria um homem primitivo ou uma criança. cria meios de expressão metafóricos através de signos poéticos e transcendentais. é o caso de "dançarina". podemos vê-la retratada, misteriosa, embora ausente no vasto azul. No canto a lua que, indecisa, não sabe se omite ou se ilumina o coração solitário. coração solitário...
aproveitando o ensejo, prossigo com o que vim compartilhar com vocês. espero que tenham gostado desse pedacinho da minha história...
tenho falado bastante sobre música. definitivamente, é a forma de arte com que mais me identifico. hoje trago mais uma daquelas que dizem mais do que nossos ouvidos podem ouvir. também dizem aquilo que nosso coração pode sentir.
tocando em frente - almir sater
porque já tive pressa
e levo esse sorriso
porque já chorei demais
hoje me sinto mais forte,
mais feliz, quem sabe
só levo a certeza
de que muito pouco sei,
ou nada sei
conhecer as manhas
e as manhãs
o sabor das massas
e das maçãs
é preciso amor
pra poder pulsar
é preciso paz pra poder sorrir
é preciso a chuva para florir
penso que cumprir a vida
seja simplesmente
compreender a marcha
e ir tocando em frente
como um velho boiadeiro
levando a boiada
eu vou tocando os dias
pela longa estrada, eu vou
estrada eu sou
conhecer as manhas
e as manhãs
o sabor das massas
e das maçãs
é preciso amor
pra poder pulsar
é preciso paz pra poder sorrir
é preciso a chuva para florir
todo mundo ama um dia,
todo mundo chora
um dia a gente chega
e no outro vai embora
cada um de nós compõe a sua história
cada ser em si
carrega o dom de ser capaz
e ser feliz
conhecer as manhas
e as manhãs
o sabor das massas
e das maçãs
é preciso amor
pra poder pulsar
é preciso paz pra poder sorrir
é preciso a chuva para florir
ando devagar
porque já tive pressa
e levo esse sorriso
porque já chorei demais
cada um de nós compõe a sua história
cada ser em si
carrega o dom de ser capaz
e ser feliz
essa música realmente me emociona.
uma boa semana a todos.
mais feliz, quem sabe
só levo a certeza
de que muito pouco sei,
ou nada sei
conhecer as manhas
e as manhãs
o sabor das massas
e das maçãs
é preciso amor
pra poder pulsar
é preciso paz pra poder sorrir
é preciso a chuva para florir
penso que cumprir a vida
seja simplesmente
compreender a marcha
e ir tocando em frente
como um velho boiadeiro
levando a boiada
eu vou tocando os dias
pela longa estrada, eu vou
estrada eu sou
conhecer as manhas
e as manhãs
o sabor das massas
e das maçãs
é preciso amor
pra poder pulsar
é preciso paz pra poder sorrir
é preciso a chuva para florir
todo mundo ama um dia,
todo mundo chora
um dia a gente chega
e no outro vai embora
cada um de nós compõe a sua história
cada ser em si
carrega o dom de ser capaz
e ser feliz
conhecer as manhas
e as manhãs
o sabor das massas
e das maçãs
é preciso amor
pra poder pulsar
é preciso paz pra poder sorrir
é preciso a chuva para florir
ando devagar
porque já tive pressa
e levo esse sorriso
porque já chorei demais
cada um de nós compõe a sua história
cada ser em si
carrega o dom de ser capaz
e ser feliz
essa música realmente me emociona.
uma boa semana a todos.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
"se na bagunça do teu coração, meu sangue errou de veia e se perdeu"
não consigo tirar essa música da cabeça...
até breve.
até breve.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
"só pra provar que ainda sou tua..."
geralmente eu coloco a letra das músicas pra vocês acompanharem.
mas essa vale a pena sentí-la apenas.
chico buarque por elis. arrepia.
sexta-feira, 15 de julho de 2011
"o violão é minha metade"
são com as palavras dele que entitulo o post de hoje...
nascido no dia 6 de agosto de 1937 numa cidadezinha no norte do rio de janeiro chamada "varre-e-sai", baden powell é considerado um dos maiores compositores e violonistas da sua geração. e, convenhamos, seria blasfêmia dizer o contrário. seu pai, lilo de aquino - o 'seu tic' - era sapateiro de profissão e chefe de escoteiro, de onde veio o nome deste grande artista, uma homenagem ao fundador do escotismo: o general britânico robert thompson s. s. baden powell.
seu interesse pela música iniciou-se aos oito anos, quando se apaixonou por um violão que sua tia ganhara numa rifa: "eu vou tocar você!". pegou o instrumento escondido e o guardou enrolado numa toalha debaixo de sua cama, tornando-se cada vez mais fascinado com os sons que dele tirava. o primeiro incentivador foi seu tic que, notando seu talento nato, começou a ensinar as primeiras posições de acordes do instrumento.
como sempre, gosto de trazer aqui coisas novas, inusitadas. viajando por essa maré virtual, encontrei uma história muito interessante sobre baden e vinícius de moraes, seu parceiro em várias composições, contada por seu filho:
"'toda música tem uma história' era o que baden costumava dizer sobre sua parceria com vinícius de moraes. dentre as várias histórias que ouvi ele contar em shows e em casa, tem uma que considero especial - sobre uma das mais belas e conhecidas canções de baden e vinícius. resolvi manter a versão original do fato tal como o papai contava... philippe baden powel.
certo dia, baden chegou à casa do poetinha trazendo nos dedos uma belíssima melodia que compôs num momento muito inspirado. era por volta das nove da noite, quando baden apresentou a melodia e vinícius ficou logo muito empolgado com a música que inspiraria mais uma bela poesia:
- puxa, badinho, que música linda! toca de novo!
baden, também entusiasmado com a empolgação do poeta, tornou a tocar a música. e entraram pela noite tocando e a ouvindo várias vezes, fazendo uma pausa de vez em quando pra conversar sobre os mais variados assuntos, como assombração, mula sem cabeça... isso tudo regado a muito whisky (papai contava que nessa noite foram umas quatro garrafas!). a madrugada chegou logo, as garrafas foram se acumulando e o baden foi ficando meio desconfiado de alguma coisa, pois o vinícius estava pedindo pra ele tocar a música desde cedo e não havia mencionado nada sobre a letra. vinícius tornou a pedir para ele tocar e o baden então perguntou:
- espera aí, vinícius, tá tudo certo, mas... cadê a letra?
- a letra? bom, na verdade aconteceu uma coisa, é... eu não vou fazer essa letra mais não!
- como assim? estamos aqui, só nós dois, juntos desde cedo, tocando e bebendo, agora são altas horas e você me diz que não vai fazer a letra! o que houve?
- não foi nada demais. mas, eu prefiro não dizer, vamos deixar isso pra lá.
- não, vinícius, agora você vai me dizer o que houve.
- sabe o que é badinho, essa música que você fez é plágio!
- plágio?! como assim, vinícius?
- é, badinho, um plágio!
- não, vinícius, você tá enganado...
- é, baden, eu tenho certeza. por isso não vou fazer essa letra. depois vai sair nos jornais: 'a dupla baden e vinícius plageiam...'. fica chato, entende?
- mas, vinícius, essa melodia me veio por inteira, eu fiz de uma vez, não pode ser plágio!
- é sim, baden, tenho certeza!
- mas plágio de quê, de quem?
- ora, baden, isso aí é um prelúdio de chopin!
- não, vinícius, você está enganado. você bebeu demais e está confundindo as bolas.
- não, baden, você foi quem bebeu demais. fez uma música de chopin e tá achando que é sua.
- mas, vinícius, eu conheço os prelúdios de chopin, estudei todos. te garanto que não tem nada de chopin nessa música!
- eu também conheço, baden, meu ouvido não falha. isso aí é chopin com certeza! quer ver só? eu vou acordar minha mulher que é formada em piano e conhece tudo, espera aí...
- não faz isso, vinícius. tá muito tarde e a gente tá com um bafo danado...
- tudo bem, ela já ta acostumada.
e lá foi vinícius chamar sua mulher que, na época, era a lucinha proença. ela chegou na sala sem saber o que estava acontecendo, mas vendo a cena, perguntou:
- oi, baden, tudo bem? vocês querem um café?
- não, lucinha, sobretudo não vamos misturar... obrigado!
vinícius retomou seu lugar e, dirigindo-se a baden, disse meio ríspido:
- toca!
baden executou e vinícius ficou esperando algum comentário da lucinha que, em silêncio, não sabia o que dizer diante da visível expectativa do poeta:
- como é, você não vai dizer nada?
- como assim, o que você quer que eu diga?
- toca de novo, baden!
ao final desse bis, vinícius novamente perguntou para a mulher:
- isso não é chopin?
- não.
- é uma canção romântica, é muito bonita, mas não é chopin.
- ah, então você também tá contra mim?
fez-se então um silêncio que confirmou um grande mau entendido da parte do poeta que, com muita astúcia, concluiu:
- então chopin esqueceu de fazer essa!
vinícius pegou o papel e caneta, e escreveu quase que instantaneamente uma belíssima poesia, e a música foi batizada de "samba em prelúdio"
samba em prelúdio
eu sem você não tenho porque
porque sem você não sei nem chorar
sou chama sem luz, jardim sem luar
luar sem amor, amor sem se dar
e eu sem você sou só desamor
um barco sem mar, um campo sem flor
tristeza que vai, tristeza que vem
sem você, meu amor, eu não sou ninguém
tristeza que vai, tristeza que vem
sem você, meu amor, eu não sou ninguém
ah, que saudade
que vontade de ver renascer nossa vida
volta querido
os meus braços precisam dos teus
teus abraços precisam dos meus
estou tão sozinha
tenho os olhos cansados de olhar para o além
vem ver a vida
sem você, meu amor, eu não sou ninguém
que vontade de ver renascer nossa vida
volta querido
os meus braços precisam dos teus
teus abraços precisam dos meus
estou tão sozinha
tenho os olhos cansados de olhar para o além
vem ver a vida
sem você, meu amor, eu não sou ninguém
volto em breve com mais baden!
abraços, meu povo!
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